sexta-feira, 13 de junho de 2014

ELEMENTAL

                                 
Participar do grupo Elemental, criar objetos de arte, na temática dos elementos da natureza, junto com Neide, Jacinta, Ana Cristina e Regiane tendo Luciana como curadora, foi uma grande experiência.
Eu voltei do Peru fazendo pássaros e queria continuar a fazer pássaros. Fiz dez e a cada tentativa a forma ficava mais sutil, mais elegante. Então Luciana sugeriu: tire os olhos. Entendi a proposta, lixei o melhor que pude os olhos dos pássaros já secos. No final expus três, os três últimos, quando a abstração já havia superado o realismo e foi o suficiente. Entendi o porque de se fazer um objeto uma, duas, três, quatro, cinco e mais vezes. Só assim chegamos lá. A Jacinta faz asas e nós poderíamos fazer um elo dos pássaros com suas asas. Sua idéia estava pronta e ela executava sem cessar as 80 asas que comporiam sua instalação. E no final pôs sua marca registrada: pincelados de ouro. E ainda uma coluna vertebral feita de quadradinhos de porcelana. Puro luxo. A Regiane estava um fogo só, criando labaredas que subiam em forma de tiras em várias cores com predomínio do vermelho. Como se não bastasse fez placas por onde subiam labaredas e sulcos na terra provocados pelo vento. Acidente com o forno descontrolado na sua temperatura e este belo trabalho se perdeu. Mas restaram dois que deram seu recado junto com as belas línguas de fogo da instalação conjunta. Por falar em instalação conjunta, fiz ondas grandes, pequenas, água jorrando, perdi algumas na queima, Neide fez a terra, montes. As cores das argilas terracota, tabaco, marfim e creme ajudavam na composição das formas representativas da natureza. Jacinta fez asinhas esvoaçantes como as fagulhas de uma fogueira. A luz avermelhada ao centro deu um efeito mágico à instalação.
A Neide dizia o tempo todo que faria máscaras, essa é sua temática de sempre. Como encaixar no Elemental? E Luciana achava as soluções: rostos sentindo o vento, o calor, o frio...  E ela se lembrou de nossa visita a Intihuatana,  Peru, quando nossos cabelos ficaram de pé com a forte ventania da tarde. E assim surgiram expressivas e belas máscaras com os cabelos ao vento. E a Ana, nosso éter, com seu tempo sempre muito restrito, mas mesmo assim empenhada em participar, encontrou também seu caminho nas formas cerâmicas combinadas aos vidros coloridos que, derretidos, causaram encanto brilhando como espelhos d’água. Alguém até visualizou um mapa da América do Sul numa de suas peças!









E foi assim que nasceu o Elemental. Tornou possível juntar harmonicamente cinco mulheres fortes, bem resolvidas, e com sua maneira própria de fazer cerâmica. A intermediação da Luciana, jovem, cheia de vida e inspiração conseguiu organizar a nossa mostra com leveza e harmonia. Mas acima de tudo, com beleza. Que venham outros momentos, que venham novas viagens e intercâmbios, que sigamos na criação de belas formas.

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